quarta-feira, 7 de novembro de 2007




***COMEÇA HOJE A MARATONA TEATRAL NO RECIFE***




X Festival Nacional de Teatro do Recife



P R O G R A M A Ç Ã O




Quarta (07/11)
Espetáculo: O bom samaritano – Projeto O Aprendiz Encena (PE)
Local: Teatro Hermilo Borba Filho
Horário: 19h


Quinta (08/11)
Espetáculo: Pequenos milagres – Grupo Galpão (MG)

Local: Teatro de Santa Isabel
Horário: 21h

Espetáculo: O bom samaritano – Projeto O Aprendiz Encena (PE)
Local: Teatro Hermilo Borba Filho
Horário: 19h


Sexta (09/11)
Espetáculo: Pequenos milagres – Grupo Galpão (MG)
Local: Teatro de Santa Isabel
Horário: 21h

Espetáculo: Negro de estimação – Kléber Lourenço (PE)
Local: Teatro Apolo
Horário: 19h

Espetáculo: Eu sou minha própria mulher – Edwin Luisi (RJ)
Local: Teatro do Parque
Horário: 21h





Sábado (10/11)
Espetáculo: Pequenos milagres – Grupo Galpão (MG)
Local: Teatro de Santa Isabel
Horário: 21h

Espetáculo: Negro de estimação – Kléber Lourenço (PE)
Local: Teatro Apolo
Horário: 19h

Espetáculo: Eu sou minha própria mulher – Edwin Luisi (RJ)
Local: Teatro do Parque
Horário: 21h

Espetáculo: Meu reino por um drama – Métron Produções (PE)
Local: Teatro do Parque
Horário: 16h

Espetáculo: O amor do galo pela galinha d’água – Quadro de Cena (PE)
Local: Refinaria Multicultural – Nascedouro de Peixinhos
Horário: 16h


Domingo (11/11)
Espetáculo: Meu reino por um drama – Métron Produções (PE)
Local: Teatro do Parque
Horário: 16h

Espetáculo: O amor do galo pela galinha d’água – Quadro de Cena (PE)
Local: Refinaria Multicultural – Nascedouro de Peixinhos
Horário: 16h

Espetáculo: Mucurana, o peixe - CPT (PE)
Local: Centro de Pesquisa Teatral
Horário: 21h


Segunda (12/11)
Espetáculo: Mucurana, o peixe - CPT (PE)
Local: Centro de Pesquisa Teatral
Horário: 21h

Espetáculo: Mestre Haroldo e os meninos - Ewald Hackler (BA)
Local: Teatro de Santa Isabel
Horário: 21h

Espetáculo: O pupilo quer ser tutor - Cia. Teatro Sim...Por Que Não?!!! (SC)
Local: Teatro Apolo
Horário: 19h





Espetáculo: O casamento – Clowns de Shakespeare (RN)
Local: Refinaria Multicultural – Nascedouro de Peixinhos
Horário: 20h

Espetáculo: Curupira – In Bust (PA)
Local: Escola Municipal Jornalista Costa Porto - Coque
Horário: 10h

Espetáculo: Poemas para brincar – As Graças (SP)
Local: Praça do Campo Santo – Santo Amaro
Horário: 16h


Terça (13/11)
Espetáculo: Mestre Haroldo e os meninos - Ewald Hackler (BA)
Local: Teatro de Santa Isabel
Horário: 21h

Espetáculo: O pupilo quer ser tutor - Cia. Teatro Sim...Por Que Não?!!! (SC)
Local: Teatro Apolo
Horário: 19h

Espetáculo: O casamento – Clowns de Shakespeare (RN)
Local: Refinaria Multicultural – Nascedouro de Peixinhos
Horário: 20h

Espetáculo: Curupira – In Bust (PA)
Local: Escola Municipal Florestan Fernandes – Ibura de Baixo
Horário: 10h

Espetáculo: Curupira – In Bust (PA)
Local: Escola Municipal Jordão Emerenciano – UR-2
Horário: 16h

Espetáculo: Noite de reis – As Graças (SP)
Local: CSU Novaes Filho – Campina do Barreto
Horário: 16h

Espetáculo: Otelo da Mangueira – Daniel Herz (RJ)
Local: Teatro do Parque
Horário: 20h


Quarta (14/11)
Espetáculo: Otelo da Mangueira – Daniel Herz (RJ)
Local: Teatro do Parque
Horário: 20h

Espetáculo: Amores surdos – Espanca (MG)
Local: Teatro Hermilo Borba Filho
Horário: 21h

Espetáculo: Curupira – In Bust (PA)
Local: Centro de Treinamento da Secretaria de Educação da PCR - Coelhos
Horário: 10h

Espetáculo: Noite de reis – As Graças (SP)
Local: Academia da Cidade – Alto do Capitão
Horário: 16h

Espetáculo: Curupira – In Bust (PA)
Local: Escola Estadual Caio Pereira – Alto José Bonifácio
Horário: 16h


Quinta (15/11)
Espetáculo: Amores surdos – Espanca (MG)
Local: Teatro Hermilo Borba Filho
Horário: 21h

Espetáculo: Curupira – In Bust (PA)
Local: Escola de Samba 4 de Outubro – Alto de Santa Isabel
Horário: 10h

Espetáculo: Curupira – In Bust (PA)
Local: Escola Estadual Lauro Diniz - Ipsep
Horário: 16h

Espetáculo: Noite de reis – As Graças (SP)
Local: Cruzamento Ruas Caripós e Rosário de Minas
Horário: 20h

Espetáculo: Poemas para brincar – As Graças (SP)
Local: Escola Municipal São Cristóvão - Guabiraba
Horário: 10h

Espetáculo: Isadora Orb, a metáfora – Ricky Seabra & Andrea Jabor (RJ)
Local: Teatro Apolo
Horário: 19h


Sexta (16/11)
Espetáculo: Isadora Orb, a metáfora – Ricky Seabra & Andrea Jabor (RJ)
Local: Teatro Apolo
Horário: 19h

Espetáculo: História de amor, últimos capítulos – Teatro da Vertigem (SP)
Local: Teatro do Parque
Horário: 18h e 21h









Espetáculo: Vem, vai, o caminho dos mortos – Cia. Livre (SP)
Local: Refinaria Multicultural – Nascedouro de Peixinhos
Horário: 20h

Espetáculo: Curupira – In Bust (PA)
Local: Escola Gigante do Samba – Água Fria
Horário: 16h

Espetáculo: Curupira – In Bust (PA)
Local: Escola Municipal Trajano Chacon – Cordeiro
Horário: 10h

Espetáculo: Poemas para brincar – As Graças (SP)
Local: Praça Arraial do Bom Jesus - Torrões
Horário: 16h


Sábado (17/11)
Espetáculo: O continente negro – Aderbal Freire Filho (SP)
Local: Teatro de Santa Isabel
Horário: 21h

Espetáculo: Dinossauros – Espaço Cena (DF)
Local: Teatro Apolo
Horário: 19h





Espetáculo: Hoje é dia de amor – Antônio Cadengue (SP)
Local: Teatro Hermilo Borba Filho
Horário: 21h

Espetáculo: História de amor, últimos capítulos – Teatro da Vertigem (SP)
Local: Teatro do Parque
Horário: 18h e 21h

Espetáculo: Vem, vai, o caminho dos mortos – Cia. Livre (SP)
Local: Refinaria Multicultural – Nascedouro de Peixinhos
Horário: 20h

Espetáculo: Noite de reis – As Graças (SP)
Local: Praça da Lavadeira - Areias
Horário: 16h


Domingo (18/11)
Espetáculo: O continente negro – Aderbal Freire Filho (SP)
Local: Teatro de Santa Isabel
Horário: 21h

Espetáculo: Dinossauros – Espaço Cena (DF)
Local: Teatro Apolo
Horário: 19h

Espetáculo: Hoje é dia de amor – Antônio Cadengue (SP)
Local: Teatro Hermilo Borba Filho
Horário: 21h

Espetáculo: Vem, vai, o caminho dos mortos – Cia. Livre (SP)
Local: Refinaria Multicultural – Nascedouro de Peixinhos
Horário: 20h

Espetáculo: Poemas para brincar – As Graças (SP)
Local: Praça Noel Rodrigues – San Martin
Horário: 16h

Ingressos
Teatro de Santa Isabel, Apolo e Hermilo Borba Filho: R$ 5 (preço único)
Teatro do Parque: R$ 1 (preço único)
Espaços públicos: Gratuito
Classe artística: R$ 2 (à venda na Feteape e no Sated)


Programação eventos especiais

Seminário: Nova Dramaturgia Brasileira em Perspectiva – os novos autores e o Brasil

O seminário se propõe a oferecer uma amostra da variedade de soluções temáticas e formais que estão sendo utilizadas na dramaturgia contemporânea, com debates sobre a obras de vários autores.

Mediador: Vavá Schön-Paulino.

Dia 12/11

10h às 13h - Francisco Carlos (AM)

Dramaturgo amazonense fundou, em Belém, o grupo Trompas de Phalópio, que agitou a cena teatral na década de 80 com peças como O Estranho Caso da Pantera da Serra com o bandoleiro Durango Brasil e Os Caçadores da Vaca Fosforescente, entre outras.

Leitura dramática da peça: “MuraOutside”.

Comentador – Luiz Fernando Ramos (SP)

14h às 18h - Roberto Alvim (RJ)

É autor e diretor de 15 peças, encenadas no Rio de Janeiro, São Paulo, França, Argentina e Suíça. Sua obra já foi traduzida para o italiano, francês, espanhol e grego, e há publicações teóricas sobre o seu trabalho no Brasil, Argentina, Espanha e França.

Leitura dramática da peça: ”Nocaute”.

Comentador – Luiz Fernando Ramos (SP)

Dia 13/11

10h às 13h - Emmanuel Nogueira (PB)

Jornalista e crítico teatral paraibano, é especialista em Teorias da Comunicação e da Imagem, dramaturgo e roteirista formado pelo Instituto Dragão do Mar de Arte e Indústria Audiovisual do Ceará. É autor de peças premiadas, como O Último Dia de Glória, Prêmio Myriam Muniz/2007.

Leitura dramática da peça: “Antes do Sol”

Comentador – Fran Teixeira (CE)

14h30 às 18h30 - Márcio Marciano (SP)

Dramaturgo e diretor teatral integrante do Núcleo de dramaturgia da Companhia do Latão, de São Paulo desde a sua fundação, em 1997. Escreveu e dirigiu, em parceria com Sérgio de Carvalho, mais de uma dezena de espetáculos, entre os quais O nome do Sujeito, A Comédia do Trabalho, O Mercado do Gozo e Auto dos Bons Tratos.

Leitura dramática da peça: “Quebra-quilos”.

Comentador – Fran Teixeira (CE)

Dia 14/11

10h às 13h - Grace Passô (MG)

Nasceu em Belo Horizonte, é atriz, formada no Centro de Formação Artística da Fundação Clóvis Salgado. A trajetória da dramaturga está intimamente ligada ao jovem grupo Spanca!, para o qual e com o qual escreveu duas peças recebidas com entusiasmo por público e crítica em festivais no Brasil e no exterior: Por Elise e Amores Surdos.

Leitura dramática da peça: “O Desejo”.

Comentador – Luís Augusto Reis (PE)

14h30 às 18h30 - Luiz Felipe Botelho (PE)

Nasceu no Recife em 1959. Dramaturgo e Mestre em Artes Cênicas pela Universidade Federal da Bahia, é também ator, programador visual, diretor e roteirista de vídeos. Escreve para Teatro desde 1988, tendo criado vinte e oito peças, oito delas publicadas e quase todas já encenadas.

Leitura dramática da peça: “Os Sacos Vermelhos”.

Comentador – Luís Augusto Reis (PE)

Dia 16/11

10h às 13h - Marcos Barbosa (CE)

Dramaturgo cearense, está radicado em Salvador desde 2002 e atualmente é doutorando pela Universidade Federal da Bahia. Autor de mais de uma dezena de textos teatrais, quase todos já encenados, destacam-se entre seus trabalhos: Na Batucada da Vida, Auto de Angicos (Prêmio Braskem de Teatro, 2004), Curral Grande e Minha Irmã (Prêmio Paulo Pontes, 2001).

Leitura dramática da peça: “Avental todo sujo de ovo”.

Comentador – João Silvério Trevisan (SP)

14h30 às 18h30 - Newton Moreno (PE)

Dramaturgo recifense radicado em São Paulo, encenou seu primeiro texto, Deus Sabia de Tudo e Não Fez Nada, em 2001. Entre suas peças está Agreste, montada pela Cia Razões Inversas, com direção de Márcio Aurélio, pelo qual ganhou os prêmios Shell e APCA de Melhor Autor em 2004.

Leitura dramática da peça: “Talvez uma grande dor possa falar por ela, Medea”.

Comentador – João Silvério Trevisan (SP)

Oficinas

Inscrições gratuitas no Centro Apolo-Hermilo de segunda a sexta em horário comercial

Telefones: 3232-2030 / 2031 / 2028

Iluminação com fontes alternativas

Alternativas experimentais para solucionar questões práticas no desempenho criador do iluminador.

Lúcia Chedieck (SP) Dias 11, 12, 13, das 19h30 às 22h30

Local: Sede da Cia. Compassos de Dança – Rua da Moeda, 93 / Recife Antigoe Refinaria Multicultural Nascedouro de Peixinhos 14 e 15/11 das 14 h às 18 h


Interpretação Realista para a Cena Contemporânea. Ferramentas do ator para atuação e compreensão dessa dramaturgia recente, chamada de realismo contemporâneo.

Denise Weinberg (SP) 12 a 16/11/2007 das 14 h às 17 h

Local: Centro de Pesquisa Teatral Recife (CPT) – Travessa do Amorim, 66 – Recife Antigo


Iniciação à DramaturgiaEstratégias de construção na dramaturgia contemporânea: análise e criação.

Roberto Alvim (RJ) 12 a 15/11/2007 das 14 h às 18 h

Local: Teatro de Santa Isabel (sala de dança)


Teatro Dialético e criação coletiva - Delineamento dos procedimentos narrativos na construção do realismo da cena. Caracterização da natureza da “ação física” a partir da experimentação prática através de temas de improvisação.

Márcio Marciano (SP) 13 A 17/11/2007 das 08 h às 12 h

Local: Teatro de Santa Isabel (sala de dança)


Oficina Teatro com Bonecos - Construção de personagem em boneco fantoche de vara para utilização no teatro de bonecos como recurso de linguagem artística.

Aníbal Pacha (PA) 12 a 16/11/2007 das 08 h às 12 h

Refinaria Multicultural Sítio Trindade


Iniciação à Arte do Ator - Oficina de iniciação teatral para atores e pessoas interessadas, tendo a criação coletiva da cena como eixo organizador da atividade.

Edgar Castro (SP) 14 a 17/11/2007 das 14 às 17 h

Local: Refinaria Multicultural Nascedouro de Peixinhos



Encontro de Jornalistas

Teatro fora do eixo: o papel da imprensa.

Dia: 10/11, 14 h às 17 h

Teatro Hermilo Borba Filho

Mediador: Kil Abreu, Magela Lima (CE), Valmir Santos (SP), Beth Néspoli (SP), Sérgio Maggio (DF).



Exposições

Festival Recife do Teatro Nacional – 10 Atos

Curadoria: Célio Pontes

Montagem: Djair Freire, Mônica Maria da Silva

Teatro do Parque, de 9 a 18 de novembro, de segunda a domingo das 9h às 20h

Encontro com Hermilo Borba Filho

Teatro de Santa Isabel – Salão Nobre, de 8 a 18 de novembro, das 18h às 22h

Teatro da Vertigem: 15 anos de processos colaborativos

Teatro do Parque, de 16 a 18 de novembro, das 9h às 20h



Lançamento de Livros


13 de novembro, 19h Teatro do Parque

A Esfinge Investigada – Seminário Nelson Rodrigues Recife 2006 - Organizado por Aimar Labaki e Antonio Edson Cadengue.

Recife: Fundação de Cultura Cidade do Recife, 2007.

Hermilo – Lembrança viva de um mestre - Organizado por Lúcia Machado.

Recife: Fundação de Cultura Cidade do Recife, 2007.

Hermilo Borba Filho – Teatro Selecionado - Organizado por Leda Alves e Luís Augusto Reis.

Rio de Janeiro: Ed. Edições Funarte, 2007.


Avaliação

Avaliador: Luiz Paulo Vasconcelos (RJ)

Dia 19/11/2007 - segunda-feira, às 19 h

Teatro Apolo


Festa de Encerramento

Dia 17/11/2007, às 23:30 h

Depois Dancing Bar – Av. Rio Branco nº 66 / Recife AntigoCom Victor Camarote & Banda Arquibancada.Telefone: 3424-7451

terça-feira, 30 de outubro de 2007


***ELAS***



Quem são ELAS?

ELAS são quatro mulheres onde cada uma tem uma relação diferente com o amor. Ele é visto sob diversos ângulos: uma mulher bem-sucedida, mas que para alcançar seu êxito profissional abre mão do marido e da filha; uma psicóloga que nunca tinha encontrado o prazer e consegue descobri-lo, é traída, mas consegue ser feliz e estabelecer sua forma de amar; uma mulher que vê sua vida amorosa perfeita ser desestabilizada a partir do nascimento do filho e de um acidente com o marido; e uma jovem que, olhando pra sua vida sentimental, pensa que deveria ter arriscado mais por amor; mas que ainda assim é bem resolvida com isso e pensa em, a partir de agora, ir em busca deste amor do qual sempre fugiu.
O que reproduzimos na peça é o mundo atual da mulher. Não de uma forma social, mas pessoal. Levamos ao público não o “eu social” da mulher no mundo contemporâneo, mas as sutilezas dos sentimentos guardados em cada uma das personagens no interior de seus quartos.


Carolina. Jornalista, recém divorciada, mãe.
Ela é forte e coerente nas suas decisões e vontades. Perde o marido e a guarda da filha por optar ser vencedora na sua profissão. Carolina acordará e decidirá não fazer a sua rotina. Ela resolve pensar sua vida, questionar suas escolhas, ponderar seus sentimentos.


Anne. Escritora, mãe, casada.
Inteligente, amante, verdadeira e com muitas coisas pra viver. Anne vive intensamente todos os momentos, por mais que se arrependa depois. O ponto forte de Anne em relação ao amor é o próprio amor. Ele a rege e a faz errar e acertar. Anne precisa amar e ser amada. Ela tem seus heróis a partir do amor e tem uma necessidade extrema: ser o centro das atenções do ser amado.


Sofia de Anhalt. Mestre em Física, professora universitária, solteira.
Sofia é o retrato de uma mulher tranqüila, que consegue aliar sua vida profissional à sua vida amorosa. Tem uma característica marcante: num primeiro instante, tem um ar de desdém, mas guarda por trás desta pose uma mulher feminina, romântica e que se descobre construindo uma bela história de amor. Ela, no palco, dá ao público a sua descoberta de amor.


Celeste. Psicóloga, solteira.
A psicóloga Celeste jamais pensou que se veria envolvida numa trama de tão delicadas emoções. Durante um baile de carnaval, descobre que foi traída de forma absurda, tendo ela mesma sido o agente motivador da traição. Explica-se: Celeste é uma profissional que, ao concluir o seu mestrado, conhece um diretor de teatro que corresponde às suas expectativas física, intelectual e emocional. Satisfeita, entrega-se ao amor perdidamente. Porém, a vida lhe prega uma bela surpresa. Até que ponto um amor pode esconder o simples desejo carnal?

Novembro, sábados e domingos, às 20h, no Teatro Joaquim Cardozo.
Teatro fica no Centro Cultural Benfica, na Rua Benfica, 157, Madalena, ao lado da Blue Angel.
Ingressos: R$ 10,00 e R$ 5,00 (estudante)




Retrato

Eu não tinha este rosto de hoje, assim calmo, assim triste, assim magro, nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo. Eu não tinha estas mãos sem força, tão paradas e frias e mortas; eu não tinha este coração que nem se mostra. Eu não dei por esta mudança, tão simples, tão certa, tão fácil: — Em que espelho ficou perdida a minha face?
Cecília Meireles



"PALAVRAS DO DIRETOR"






Jorge Féo, na busca de uma identidade cênica sólida e do seu primeiro trabalho com direção teatral, alicerçado na confiança e motivação dos amigos envolvidos nesse processo, dentro da cena pernambucana é ator e figurinista, trabalhando também como produtor e assistente de direção. Tem estudado e pesquisado formas de compreender melhor as propostas do grupo e objetivos de cada um dos integrantes. Estudante do último período de Sociologia pela Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE, tem participado de algumas vertentes de investigação teatral que a nossa cidade oferece, onde os mais marcantes foram o Labô-Espetáculo, baseado no estudo da Antropologia Teatral e do Treinamento do Ator com Murilo Freire e Virgínia Brasil, O Ator Brincante com Carlos Carvalho – ainda no estágio iniciante das investigações e o Treinamento do Ator com o Bastão com o diretor mineiro Marcelo Bonis. Como ator seu último trabalho no Teatro foi “As Conchambranças de Quaderna”, de Ariano Suassuna e no cinema gravou o curta “Segredos de Confissões” de Andréia Cavalcanti. Nomes como Fernando Limoeiro, Marcello Bosschar e Magdale Alves têm contribuição na sua formação. Encabeçando o grupo do projeto ELAS, busca aproveitar as potencialidades de cada um e ainda descobrir novos valores dentro do processo, na troca e na busca de novas experiências.




“Amor não é simplesmente estar feliz porque algo lhe proporciona essa felicidade, mas sim estar feliz porque aquilo que você ama está bem!”.
Paulina







Ficha técnica


Direção: Jorge Féo
Atrizes: Chandelly Braz, Lais Vieira, Maria Odete Araújo e Paulina Albuquerque
Autores: Eduardo Matos, Moises Neto, Pedro Félix e Rosa Félix
Direção musical e Voz: Henrique Macedo
Cenografia: ELAS
Plano de Luz: Cleison Ramos
Execução de Luz: Cleison Ramos e Ailton Brito
Figurino: Francisca por Virgínia Falcão
Coreografia:Juan Guimarães
Fotos: Thomas Baccaro
Designer Gráfico: André Britto Negrão
Assessoria de Imprensa: Jota Araújo
Operação de Som: Vanessa Lourena
Bilheteria e contra-regragem: Ádila Gadelha
Produção Executiva: Jorge Féo, Maria Odete Araújo e Paulina Albuquerque.
Produção Geral: Maria Odete Araújo.



Patrocinio: Seaway e Pitu
Apoiadores: Flamar, Avon, Romarri
Apoio Cultural: Teatro Joaqui Cardozo, Centro Cultural Benfica, UFPE.


Fotos: "http://www.thomasbaccaro.com.br

domingo, 19 de agosto de 2007

NOVO FÔLEGO ENTRA EM CENA EM RECIFE


O Grupo Magiluth toma como base a teoria do caos para falar do homem cotidiano.


Um jovem grupo entra em cena com força e vigor, defendendo ideias próprias e mostrando com muita propriedade o turbilhão de fatores que alteram e interferem direto ou indiretamente o nosso cotidiano. A peça se divide em três momentos: No primeiro mostra personagens comuns que têm suas vidas interligadas por acontecimentos diversos que vão interferindo em seus destinos e nos de quem estão em sua volta. O texto é ágil e inteligente associado a um ritmo frenético e contagiante. A cena é permeada por um humor ácido fantástico. No segundo momento somos levados a uma realidade vitual porém muito atual. De uma forma bem humorada a cena nos leva para os bate-papos de internet, nas quais as relações pessoais se tornam cada vez mais superficiais...KA KA KA KA... Uma pena que o quadro seja tão curtinho, deixa um gosto de "quero mais". No quadro final a cena se enche de poesia, apesar de ter a mestra estrutura e humor ácido dos outros quadros, a história de Pierre e sua musa chega carregada de emoção e traz um lindo desfecho para o espetáculo. É muito bom ver um grupo jovem com uma liguagem própria sem ter medo de por suas ideias em cena.

Corra é resultado de um processo iniciado em junho de 2006 com a montagem do esquete. Consiste num trabalho de pesquisa e experimentação da linguagem cênica que envolve o conceito do Ator-Narrador e se inspira naTeoria do Caos.
A Teoria do Caos defende que a maioria dos sistemas não podem ser determinados em decorrência da chamada dependência sensível das condições iniciais, ou “Efeito Borboleta”, uma de suas vertentes. Essa expressão é usada para denominar um fenômeno no qual "o bater das asas de uma borboleta no Japão pode causar tempestades no Brasil". Parece brincadeira, mas não é; fenômenos em que um pequeno fator provoca grandes transformações são mais comuns do que se pensa. Portanto, a Teoria do Caos não é uma teoria da desordem, ela busca no aparente acaso uma ordem intrínseca determinada por leis precisas.
Partindo desse ponto, retratamos o cotidiano caótico e, à primeira vista, desordenado das nossas vivências como ser ativo da urbanidade e mostramos a interligação entre tudo que existe no universo. Corra é um catálogo dos nossos tempos, é um protocolo do que estamos vivendo e esse foi o motim principal para o desenvolvimento do texto, isso, através de uma abordagem poética.
Na interpretação, o ator apresenta, narra e interpreta os personagens, é a visão de alguém que vivencia os fatos e conta para outros – o público. Este, tão imprevisível quanto qualquer outra partícula do universo, reafirma a Teoria do Caos, quando, agora todos os integrantes desse encontro se deparam com pequenas alterações de temperatura, energia e vibração no ambiente complexo do teatro.
A estrutura da peça é fragmentada em três cenas sem ordem cronológicas e independentes entre si. Cada cena possui hisstórias interligadas por vários fios condutores que costuram a vida dos personagens, causando conseqüências e reações diversas.


***ENTREVISTACOM O GRUPO MAGILUTH***
O GRUPO______________________________________________________

O grupo Magiluth surgiu em 2004 de um projeto de conclusão da disciplina Fundamentos da Expressão e Comunicação do curso de Licenciatura em Artes Cênicas da Universidade Federal de Pernambuco. O resultado foi o espetáculo de livre adaptação do texto de mesmo nome: “Ato sem Palavras” de Samuel Beckett com a direção de Thiago Liberdade que também completava o elenco junto com Giordano Bruno, Lucas Torres e Marcelo Oliveira. Depois de três anos se apresentando em praças e escolas, o Magiluth participou do Festival de Teatro de Rua do Recife em 2005 e do 12º Janeiro de Grandes Espetáculos em 2006.
Ainda em 2006 surge “Em Família” de Jacques Prevert com direção de Giordano Bruno e também surgido da finalização de uma disciplina da Federal, se apresentou no Projeto Intimidades do Sesc Piedade.

No meio desse mesmo ano, o grupo se dividiu entre Brasil e Portugal, quando os integrantes Giordano Bruno e Thiago Liberdade, em intercambio, montaram espetáculo “Hoje Fiz Amor Pela Terceira Vez” em parceria com outros alunos da Universidade de Coimbra e da Universidade Nova de Lisboa, produzido pela Associação PENETRARTE e apresentado no Teatro de Gil Vicente, em Coimbra.
Foi quando também surgiu a esquete “Corra”, mais especificamente em junho de 2006. Que, depois de estrear no Projeto Aplausos do Sesc Piedade, foi apresentado no SPA das Artes, na Escola de Artes João Pernambuco, no Festival Front e no Curta Cena tudo em 2006.
Em 2007 o grupo decide montar “Corra” espetáculo que estréia em agosto no Teatro Joaquim Cardozo. Com texto e direção de Marcelo Oliveira que também está no elenco, participam desse processo os atores Julia Fontes, Lucas Torres e Olga Torres, o sonoplasta Hugo Souza e o iluminador Pedro Vilela.
O Magiluth surgiu de uma necessidade pessoal de se superar em coletivo. É composto por atores e estudantes que acreditam que o teatro de grupo constitui uma categoria de organização e produção teatral em que um núcleo de atores, movidos por um mesmo objetivo e ideal, realiza um trabalho em continuidade.



1) Qual a origem do Magiluth?


Julia - O grupo Magiluth surgiu no 1o período do curso de Artes Cênicas da UFPE, com a montagem de "Ato sem Palavras" de Samuel Becket para a cadeira de fundamentos da expressão comunicação. O grupo surgiu inicialmente com 4 integrantes: Marcelo Oliveira, Thiago Liberdade, Giordano Bruno e Lucas Torres, e logo depois entrou Júlia Fonte e Olga Torres, como atrizes e Hugo Souza como sonoplasta.



Olga - Eu e Ju entramos no grupo quando Giordano e Thiago foram para Portugal em intercambio. Eles estavam no processo de montagem do espetáculo “Retalhos”. Daí que Marcelo teve a idéia de fazer da última cena, uma esquete chamada “Corra” e convidou nós duas.

2) Magiluth não é um nome comum. Como surgiu a idéia do nome? E qual o significado?

Julia - Magiluth é uma junção das duas primeiras letras dos nomes dos primeiros 04 integrantes: MA (Marcelo), GI (Giordano Bruno), LU (Lucas) TH (Thiago).

Olga - Segundo os meninos, eles precisavam de um nome urgente para um festival e ninguém tinha pensado no nome do grupo ainda...então juntaram as primeiras sílabas. Estamos inclusive pensando em aumentar o nome para Magilutholju ou Magiluthjuol ainda não sabemos...hahaha.

3) Quais são as principais referências para o trabalho do grupo?

Julia -
Como principal proposta: trabalhar teatro em grupo. Onde todos participam de todo o processo e as funções são divididas entre os atores, a maior referência são os grupos de teatro que têm a mesma proposta. Também trabalhamos com a utilização do ator-narrador, Bertolt Brecht e a proposta de um teatro não realista onde os atores montam e desmontam as situações.

Olga - É por aí que Ju falou. Nossas referencias somos nós, não que sabemos de tudo, mas partimos de nossas experiências, nossas necessidades, nossas afinidades. Somos livres em tudo: pra sugerir um texto de estudo, um trabalho corporal, vocal, para se responsabilizar pelo figurino ou pela produção. Pensamos em convidar pessoas que sabíamos que seria um suporte para nós enquanto criação, mas foi muito difícil manter encontros constantes para ler e conversar e debater idéias e era difícil também porque ainda não sabíamos o que ia acontecer. Nosso maior objetivo sempre foi o processo e não o fim, e não o produto final, isso pra gente sempre foi uma conseqüência.
E isso levamos para a vida, quando líamos um texto sobre a teoria do caos lembrávamos de uma cena que vimos na rua, ou em sala de aula, vinha uma cena na cabeça e escrevia para Marcelo num pedaço de borrão e ele estimulava isso sabe, e aquilo foi se juntando na cabeça dele e deu no que deu. O ator-narrador vem para suprir a necessidade da encenação, fazemos muitos personagens e ao mesmo tempo contamos uma história. E apesar de ter características de Brecht, temos certo cuidado ao falar que o utilizamos no espetáculo, preferimos o conceito do ator-narrador.
Quanto à referencias, particularmente tenho o projeto “Pode entrar que a Casa é sua” encabeçado por Francisco Medeiros que além de inspirar como trabalho de grupo, me deu o suporte do conceito do ator-narrador. E o Teatro da Vertigem que surgiu organicamente e prossegue da mesma forma, os atores, amigos, irmãos, parceiros e cúmplices se juntam para serem verdadeiros um com outro, para desabafar, para reclamar, para se transformar e falar ao público, em coletivo, tudo aquilo que lhe incomoda ou que lhe emociona. Tem um depoimento do Roberto Áudio do Teatro da Vertigem que fala por mim nesse momento “As vezes era muito difícil ver um amigo em tamanha exposição, e, por isso mesmo, me expor ao extremo se tornou uma questão de respeito. Nos apoiamos nos silêncios ou em brincadeiras, para aprender a lidar com o desconhecido. Percebia que a cada dia o grupo se tornava mais forte, à medida que trabalhamos com nossas fraquezas”. É por aí...

4) "Corra" é o primeiro trabalho do grupo? Como essa idéia foi tomando forma?

Julia -
O primeiro trabalho do grupo foi a peça “Ato sem palavras" de Samuel Becket, teve a direção de Thiago Liberdade. Foi encenada para uma disciplina da Federal, porém tomou proporções maiores, tendo participado do Festival Nacional de Teatro de Rua, do projeto Intimidades do Sesc Piedade e da Caravana Universitária de Cultura e Arte em 2005; do Janeiro de Grandes Espetáculos e Festival Estudantil de Teatro e Dança, em 2006, além de algumas apresentações em Escolas Públicas, hospitais, praças, asilo, centro espírita e outros...rsrsrsrsrsrsrsrsrs. Já ”Corra” era parte do espetáculo chamado “Retalhos”, que estava sendo montado com os 04 integrante iniciais, Com a ida dos meninos a Portugal, duas novas integrantes entraram no grupo: eu e Olga. Então a partir daí começamos a ensaiar a cena de 10 minutos “Corra” (que participou de alguns festivais e amostras de teatro) que veio a originar a peça autal.

Olga - “Corra” na verdade é o quarto trabalho do grupo e o primeiro que eu e Ju participamos. Tiveram antes o “Ato sem Palavras” que Ju já comentou, o “Em Família” de Jacques Prevert com direção de Giordano Bruno e também surgido da finalização de uma disciplina da Federal, se apresentou no Projeto Intimidades do Sesc Piedade e em paralelo com “Corra” surgiu o “Hoje fiz Amor pela Terceira Vez” realizado em parceria com outros alunos da Universidade de Coimbra e da Universidade Nova de Lisboa, produzido pela Associação PENETRARTE e apresentado no Teatro de Gil Vicente, em Coimbra.
“Corra-esquete” estreou no Projeto Aplausos do Sesc Piedade, daí apresentamos numa festa do SPA das Artes, na Escola de Artes João Pernambuco, no Festival Front e no Curta Cena tudo em 2006.
Quero inclusive salientar a importância do Curta Cena para a montagem do “Corra-espetáculo” tivemos uma repercussão muito boa no festival e tendo a consciência de que o mesmo é uma vitrine para nossa classe, nos sentimos mais confiantes para continuar. Além da bolsa montagem tão rara em nosso estado, principalmente para grupos e projetos composto por iniciantes. Financeiramente não sei se conseguiríamos montar “Corra” com tanto cuidado sem a bolsa do Curta Cena, o Grupo Teatro Marco Zero pode se sentir parte desse processo do Grupo Magiluth.


5) O espetáculo aborda o homem cotidiano, mergulhando na teoria do caos? Fale sobre a Teoria do Caos e como isso se estabelece no espetáculo?

Olga - Na pergunta sobre nossas referencias falei um pouco sobre esse processo da Teoria do Caos. Essa coisa de lermos os textos e trazermos para nossas vidas e ver essa coisa no cotidiano e até na prática cênica.
Para ser mais objetiva, no livro “As leis do Caos” de Ilya Prigogine, por exemplo, tem uma passagem que diz assim: “... a matéria em situação de equilíbrio é cega, cada molécula só vê as moléculas mais próximas que a rodeiam. O não-equilíbrio, pelo contrário, leva a matéria a “ver”; eis que surge então uma nova coerência... se abrirmos um sistema prestes ao equilíbrio e fizermos nele penetrarem fluxus de energia e de matéria, a situação muda radicalmente... reações químicas que levam a novas estruturas espácio-temporais impossíveis de realizar em situações de equilíbrio.”
Eu não sou uma matemática, nem uma física e muito menos uma química, mas há algo de filosofia nessa fala. Nós não falamos da Teoria do Caos, nós a usamos para entender o que se passa em nossa volta. O que Prigogine fala, para mim, e isso quero deixar bem claro, é o que acontece diariamente na construção de uma cultura, no surgimento de costumes e de atitudes cotidianas. Essa suposta sensação de equilíbrio que sentimos com a sucessão de metas alcançadas: vestibular, diploma, trabalho, casamento, filhos, casa própria, netos e morte. Torna-se o sinônimo de um conceito chamado felicidade que na verdade é baseado na construção de uma estrutura, de um sistema e a brincadeira da vida é manter equilibrado esse sistema, sem saber, em alguns casos, se é de fato isso que se deseja.
O cotidiano, urbano ou rural, faz isso com as pessoas. Elas repetem e querem e correm para alcançar algo que elas não têm certeza se é aqulio porque é muito mais trabalhoso viver aberto aos fluxus de energia e de matéria, é muito mais cansativo viver aberto a novas coerências. E é por isso, acredito eu, que as estruturas sociais, inclusive a de nossa classe artística, estão paradas, porque elas não se comunicam com as novas possibilidades do fazer, do criar, do acontecer.
No espetáculo mostramos isso através de nossas posturas como ator, através da impossibilidade dos personagens de mudar os acontecimentos, do desejo de mudança de outros ou das relações distanciadas que alguns se encontram. Falamos disso apenas relatando o que se passa no cotidianos de alguns personagens, isso é algo implícito.

6) Dirigir e atuar. Quais os pontos positivos e negativos de estar duplamente envolvido?

Olga -
Como atriz do espetáculo não senti nenhuma dificuldade em ter como diretor um ator do elenco. Pelo contrário, me senti muito acolhida e acho até que facilitou o não aparecimento da velha hierarquia diretor/ator vista em tantas montagens.

Marcelo- Foi um grande desafio pra mim. Em relação à direção fiquei muito tranqüilo por ter o texto da minha autoria, isso facilita muito. Já escrevo pensando na cena a ser desenvolvida. Muitas vezes, as marcações surgiram primeiro do que o texto. Em relação a minha atuação no espetáculo como ator não tive problema por conhecer muito bem o universo da peça, o que queria passar, enquanto diretor/autor, sabia qual era a linha de interpretação a seguir.
O ponto negativo dessa atividade dupla é, muitas vezes, não ter noção de como de fato a cena é. Por exemplo: a partir do momento em que estou numa cena e saio dela para analisar como esta se encontra, já não é a cena que eu quero ver, e sim, é uma cena que está faltando um elemento, um ator. Tem cenas que nunca vi e nunca verei. É um processo de muita confiança no ator que está trabalhando com você.
Pontos positivos são muitos. Foi o meu primeiro trabalho que sabia o porquê de tudo está em cena. De tudo está acontecendo. De fato, por ser o diretor/autor/ator de CORRA consegui ver o espetáculo de vários ângulos.
Às vezes em casa, quando ia decorar o texto, me pegava criando marcas, ou criando novas falas para os atores. Foi quando decidi ter dois textos. Tirei cópia do texto para ator e uma cópia para o texto diretor, e dividi..”hoje vou estudar para o ator”....”hoje para diretor”...
Porem, foi um processo muito tranqüilo, não tivemos nenhum problema pelo fato de não ter ninguém fora da cena nos analisando. O espetáculo é bem coreografado, algumas cenas tive que ensaiar em frente ao um espelho...outras, saía um ator pra vê se a cena está legal...um processo de ajuda.



7) A criação de uma dramaturgia própria é uma característica que o grupo quer seguir em projetos futuros?

Julia - A criação de uma dramaturgia própria é uma das idéias do grupo, assim como as divisões de funções: cada espetáculo um dirige, outro escreve e assim por diante.

Olga - Esse foi o processo de “Corra”, realmente não sei como será os outros. O grupo hoje é formado por 04 atores, 02 atrizes, 02 produtores e 01 sonoplasta. Como, quando e quem vai trabalhar na próxima montagem de fato não sabemos. O que sabemos é que não temos padrões fixos de montagem, então convites de atores ou diretores e/ou uniões com outros grupos pode acontecer certo.
Agora, essa dinâmica que Ju fala, de cada um ir se responsabilizando com uma função é característico sim, mesmo quando as idéias são coletivas. O figurino, por exemplo, foi Ju quem providenciou: tipo de tecido, costureira... mas aí, quem desenhava tudo era Lucas. Comecei a produção, mas no meio do processo senti que não ia dar conta sozinha, daí veio Cadu, os textos, a encenação e a dramaturgia todo mundo dava sua opinião, mas quem guiou foi Marcelo... e por aí vai.

8) Quais as perspectivas para 2007/2008?

Julia - Esperamos estar com CORRA, em circulação.

Olga - Com certeza todos nós queremos que “Corra” tenha vida longa e estamos trabalhando muito em função disso. Depois do Joaquim Cardozo, vamos passar setembro em temporada no Teatro Capiba no Sesc Casa Amarela, sempre às 20h só que apenas aos sábados. Estamos tentando, conseguir pauta no Teatro Hermilo para outubro, mas ainda não temos nem resposta. Paralelo a isso, estamos correndo atrás de todos os festivais que nos encaixamos e para isso, contamos com a força de Marcondes Lima que vem nos orientando e nos ajudando muito nesse processo. Além do desejo, claro, de participarmos do Janeiro de Grandes Espetáculos e do Festival Nacional de Teatro e do Circuito Palco Giratório do Sesc, os três festivais mais requisitados daqui de Pernambuco.
Esses festivais, inclusive, vêm suprir a falta de verba para manutenção e até de pautas para os espetáculos da cidade. Infelizmente, além da pouca verba distribuída para novos grupos, ainda temos muitos teatros fechados ou de difícil acesso, por mais que se mostre um trabalho bem realizado. Tentamos a manutenção de “Corra” tanto pela Prefeitura do Recife quanto pelo Funcultura mas, infelizmente, não obtivemos sucesso em nenhum. Os apoios que tivemos foram da Editora Universitária; a Compassos Cia. de Dança e o Teatro Joaquim Cardoso. Na realidade de Recife mais difícil que montar, é manter um espetáculo em cartaz.


FICHA TÉCNICA_________________________________________________

Grupo MAGILUTH

Espetáculo:
"CORRA"
Texto e direção: Marcelo Oliveira
Elenco: Júlia Fontes, Lucas Torres, Olga Torres e Marcelo Oliveira
Sonoplastia: Hugo Souza
Iluminação: Pedro Vilela
Produção: Cadu Sales e Olga Torres
Designer gráfico: Henrique Koblitz
Banner: Sergio Fontes

TEMPORADA____________________________________________________

*Agosto
Todos os sábados e domingos às 20h
No Teatro Joaquim Cardozo (Centro Cultural Benfica: Rua Benfica, 157, Madalena - fones: 3227.0657/ 3226.0423)

*Setembro
Todos os Sábados
Às 20h
No Teatro Capiba (Sesc Casa Amarela: Av. Professor José dos Anjos, 1109 - Casa Amarela / Recife - Fone: 32674410)
Preços: R$ 10,00 e R$ 5,00 (meia)

Apoios: Compassos Cia. De Danças, Editora Universitária e o Teatro Joaquim Cardoso


CONTATOS____________________________________________________


Marcelo Oliveira: 3222.1977 * 9998.7808
e-mail: mama.celinho@hotmail.com

Olga Torres: 3222.6422 * 8888.1303
e-mail: olgatorrespe@hotmail.com

Cadu Sales: 88052903
Cadu.sales@hotmail.com

Grupo Magiluth
Comunidade: http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=21957495
e-mail: magiluth@gmail.com

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

*** O PEQUENINO GRÃO DE AREIA***

O PEQUENINO GRÃO DE AREIA é a primeira montagem do NAC (Núcleo de Artes Cênicas- SESC Triunfo). A peça narra as aventuras de um grãozinho de areia que seapaixona por uma estrela do céu. Com muita poesia, o texto de João Falcãoconsegue tocar pessoas de todas as idades. Será que o grão alcança seuobjetivo? A encenação, com músicas originais de Lucas Notaro e Direção deMarcelo Francisco participou da 49ª Festa do Estudante da cidade de Triunfo (no Circuito do Frio) e agora está na Programação do 5º Festival Estudantil deTeatro e Dança do Recife, no dia 10 de agosto, às 18h30min, no Teatro Apolo.

terça-feira, 31 de julho de 2007



*** RESULTADO DA ENQUETE ***



"Qual a melhor atriz de teatro adulto em Pernambuco em 2006???"


1º LUGAR: "Mônica Vilarim" (26) *A Chegada da Prostituta no Céu*

2º LUGAR: "Karina Cavalcanti" (25) *Neuroses*

3º LUGAR: "Daniela Travassos" (5) * O Capataz de Salema*

4º LUGAR: " Rita Marize" (2) *O Canto do Teatroi Brasileiro*

5º LUGAR: " Cristina Romeiro" (1) *Nelson Crônico*

OUTRAS (2)



"QUAL O MELHOR ESPETÁCULO PERNAMBUCANO DE 2006???"




1º LUGAR: "AS CRIADAS" (29%)

2º LUGAR: "CARTAS PARA UM MOZARTIANO" (25%)

3º LUGAR: "A CHEGADA DA PROSTITUTA" "ATORES DO ÓRGÃO IRRESPONSÁVEL" (8%)


5º LUGAR: " AS CRIADAS MAL CRIADAS" (6%)








segunda-feira, 11 de junho de 2007

***ESTREIA***A FILHA DO TEATRO***

A FILHA DO TEATRO
A SERAFIM TRAZ SEU NOVO ESPETÁSCULO NO PALCO DO HERMILO



Numa realização da Cia. Teatro de Seraphim, a peça a peça de Luís Reis, põe a nu os mecanismos de uma decomposição das relações humanas e profissionais, através de um jogo em que três atrizes se revezam em três personagens, esculpindo com as palavras uma trama de transbordamento de vida dentro da vida, do teatro dentro do teatro, privilegiando um de seus maiores dons: o da transformação, da metamorfose de um em outro, para um público que se deseja íntimo e que, de perto, pode acompanhar estas transmutações.


Um quase melodrama em três tempos


No palco nu, três atrizes aguardam a entrada do público e o início do espetáculo. Soado o terceiro sinal, uma de cada vez, põem-se em movimento. Sempre que deixam as cadeiras e vêm à boca de cena, transmutam-se em personagens: uma mãe, uma filha, uma outra mãe, postiça. Elas contam suas histórias, que se entretecem para constituir uma história única, narrada em compasso ternário. Na trilha sonora, um tiro, um choro de criança, uma prece.

Com esses ingredientes despojados Luis Reis arma sua peça. Um pé no melodrama, como ele mesmo diz, mas com tonalidade moderna. Um história que acontece no teatro, envolvendo um casal de atrizes, uma protagonista de show pornô e uma criança que nasce no interior desse triângulo.

Como estrutura, a alternância das vozes, demarcadas por aqueles sinais sonoros. Uma estrutura bem pouco dramática – a rigor, nada dramática – mais próxima da literatura contemporânea, construída por diversos narradores na primeira pessoa do singular. (Na teoria do teatro, já admitimos sem remorsos a presença de textos discordantes do cânone dramático. Sabemos que eles não são incompatíveis com o palco. Mas são certamente um desafio para os encenadores, que devem saber extrair deles sua teatralidade, sua qualidade cênica).

Neste caso, importa menos a trama do que o ponto de vista do narrador. É sua ótica, no confronto com as outras perspectivas, que propicia um elemento de tensão no interior da fabula.

Outro elemento de confronto, em A Filha do Teatro, é a associação de dois mundos opostos, o da classe média e o do bas fond, do experimentalismo vanguardeiro das profissionais do teatro e o outro lado da cerca, onde o uso “artístico” do corpo é meio sórdido de sobrevivência.

Na tradição melodramática, o destino – que pode ser a força da natureza, o acaso – é responsável por boa parcela dos acidentes dramáticos que pontuam a trama e, em geral, pelo desfecho. Há uma inevitabilidade da desgraça, reforçada pela ação dos “maus”, aqueles cujos antecedentes os condenam. No ensaio melodramático aqui apresentado, esse lugar está ocupado pela impropriedade do consórcio constituído pelas três mulheres no passado – já que uma delas é apenas mencionada, sem existência física no palco – e a insistência em se preservar essa relação. A inadequação do acordo, a impossibilidade de harmonia entre realidades tão incompatíveis encontra seu desfecho na introdução no plano da narrativa do elemento masculino, marginal e desestruturador, que provoca a morte, inesperada e gratuita, e por isso trágica, de uma das mulheres dessa família singular.

O que assistimos em cena, é à evocação desse passado, no momento em que a situação já se encontra estabilizada, chegada a seu termo. No plano do presente não há mais impacto ou conflito, apenas memória. É a memória o motor da narrativa. Uma memória destituída de paixão, conformada.

Acrescente-se a isso, a diluição intencional do possível impacto dos conteúdos evocados pela afirmação constante do caráter metalingüístico do evento cênico. Luis Reis obriga as atrizes a um rodízio de personagens, destituindo-as da propriedade de uma e qualquer delas. Essa condição acentua o patético do relato, e também contribui para sua desdramatização, agora no sentido vulgar do termo, de evento embebido em sentimentalismo. Os sentimentos ou emoções, na peça de Luis Reis, dissolvem-se no plano metalingüístico da narrativa, na sua recusa da atualidade dramática, do diálogo. No protagonismo solitário do monólogo – de todas as formas do teatro, aquela que se encerra em si mesma, sem possibilidade de intervenção de um semelhante – ressoa a dimensão solitária de cada uma dessas mulheres, ao final isoladas cada qual em seu mundo, revelando a fragilidade dos elos de amor e solidariedade que pareciam uni-las no primeiro tempo deste relato.


Silvana Garcia Pesquisadora, autora de livros sobre teatro, professora da Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo


O texto de Luis Reis revela uma qualidade essencial para aqueles que pretendem escrever para o teatro: a concisão da linguagem, a escolha certa das palavras, a clareza sobre o que deve ou não ser dito, ao se contar uma história. Os relatos entrelaçados em A Filha do Teatro – outra feliz escolha de título de vocação melodramática combinada à natureza metalingüística da arte contemporânea –, encaixam-se bem nos ouvidos exigentes. O drama armado pelo autor dá conta de todos os aspectos sensíveis das relações entre as personagens sem cair em excessos ou em truques narrativos. Trata-se de uma peça despretensiosa, no seu melhor sentido, escrita com delicadeza de autor maduro. Assim se faz um bom teatro.


Com Marilena Breda, Cristina Romeiro e Lúcia Machado.

Direção de Antonio Cadengue.



Teatro Hermilo Borba Filho
Estréia dia 5 de junho de 2007
Terças e quartas às 20h
A temporada segue até 25 de julho.
CONFIRAM!!!!

segunda-feira, 4 de junho de 2007

*****ANGU DE SANGUE*****

REALIDADE URBANA ESTENDE TEMPORADA
ANGU DE SANGUE
COLETIVO ANGU DE TEATRO TRAZ AOS PALCOS RECIFENSES 10 CONTOS DO ESCRITOR MARCELINO FREIRE DE FORMA CONTUNDENTE E ARREBATADORA.
Os palcos do Recife continuarão a receber o premiado espetáculo Angu de sangue, da Cia. Angu de Teatro, com apresentação no Teatro do Parque, onde permanecerá em curta temporada durante as quintas-feiras de junho. Baseado no livro homônimo do escritor pernambucano Marcelino Freire, a peça tem direção de Marcondes Lima, que também assina cenário, figurino e maquiagem.
O espetáculo traz no elenco Fabio Caio, Gheuza Senna, André Brasileiro, Ivo Barreto e Hermila Guedes. Durante uma hora e quinze minutos, o espetáculo multimídia, que flerta com a videoarte, conta dez histórias interligadas através de vídeo e músicas, sustentadas pela intensidade dramática dos monólogos, onde se fundem elementos trágicos, cômicos, dramáticos e melodramáticos, alternando prosa e poesia. A encenação concentra-se no jogo contém/está contido, como na palavra "sangue", que, em si, abriga a palavra "angu": s-angu-e.


O que se falou de angu de sangue, nas suas únicas apresentações em Sampa.

Nem arroz, nem feijão, nem bife. Em meu jantar de ontem foi servido angu. puro e seco. Quer dizer, com um pouco de sangue. É, sangue. Esse que corre nas veias, sabe? Pra piorar, comi num porão frio e escuro, sentado numa tábua sem encosto.
Assim foi a apresentação do coletivo angu de teatro no centro cultural são paulo. Parte da segunda mostra latino-americana de teatro de grupo, a peça angu de sangue é baseada em contos do livro homônimo e de balé ralé, ambos do escritor marcelino freire. depois de um pequeno tumulto para conseguir ingresso – foi necessária uma segunda sessão – o grupo do recife veio dizer à são paulo que esta cidade não é a única em que predomina a solidão, violência, exclusão, persistência e dor. Que as pessoas não conversam, não se ouvem, não se entendem. Apenas falam. Falam ao mesmo tempo, falam sozinhas, falam com todos e com ninguém.
logo no primeiro conto, "faz de conta que não foi. nada", já dá vontade de mandar os atores calarem suas bocas, tanta é a angústia, a indiferença e a rapidez com que narram a história de um menino de rua assassinado. É assim também no emocionante "socorrinho", contado e cantado por hermila guedes, no qual uma garota, representada por uma boneca, é estuprada. Ou então em "muribeca", em que a catadora de lixo, que mora numa geladeira, descobre que o lixão de onde tira todo seu sustento vai ser desativado.
O grupo recifense conseguiu ilustrar de maneira simples e fiel os contos de marcelino, que parecem ter sido escritos para o teatro. Mesmo os textos com apenas um personagem soam como diálogos, seja com a consciência ou com uma terceira pessoa inventada a fim de colocar nela a responsabilidade de um destino cruel. no espetáculo, os contos se transformam em cenas ágeis e densas, que nos conduzem rapidamente para o mundo daqueles personagens que, primeiro condenamos ou sentimos pena. Depois, percebemos que são iguais a nós, frágeis e incompletos, numa sociedade em que todos falam, mas ninguém ouve ninguém.


SERVIÇO:
Angu deSangue
quintas-feiras, às 19h30
Teatro do Parque - Rua do Hospício, nº 81, Boa Vista - Recife
Ingressos: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia)

terça-feira, 15 de maio de 2007

DOUTORES DA ALEGRIA - RECIFE

DRAMALHAÇO



“Dramalhaço - O olhar do palhaço sobre a cidade” fica em cartaz até 1º de julho
Depois da bem-sucedida temporada de “Poemas Esparadrápicos – o Musical”, estréia em 28 de abril o segundo espetáculo dos Doutores da Alegria do Recife, “Dramalhaço - O olhar do palhaço sobre a cidade”, que ficará em cartaz na capital pernambucana até 1º de julho no Teatro Armazém 14, aos sábados, às 21h e domingos, às 20h.


A peça foi idealizada pelo próprio grupo, que busca no cotidiano dos grandes centros urbanos a linguagem do palhaço utilizada nos hospitais. Situações corriqueiras e o que nelas reside de inusitado e cômico foram colhidas nas ruas, visitas e diversos lugares da cidade. O improviso também foi uma das ferramentas básicas de trabalho para a concepção do espetáculo. Além dos textos criados pelo grupo, a linguagem da crônica contemporânea foi incorporada ao trabalho por meio da livre adaptação de alguns textos de Luís Fernando Veríssimo e Hugo Zorzetti.
Todo o processo dramatúrgico, cujo formato e redação finais ficaram a cargo do diretor do espetáculo Fernando Escrich, teve participação direta do elenco e também acompanhamento de dois dramaturgistas: Carlos Eduardo Bione e Renata Pimentel. O trabalho envolveu uma pesquisa em dramaturgia realizada pelos atores e diretor, não só de linguagem, como também para criação dos personagens e estética teatral. A concepção de luz, figurino, cenário, maquiagem e gestual também são igualmente decorrentes do envolvimento do grupo neste universo de pesquisa.



O foco de investigação foi centrado no cômico, no risível, mas não exatamente o riso imediato relacionado às trapalhadas do palhaço convencional. Esse “risível” vem de um humor que se instala, muitas vezes, em situações melancólicas e até trágicas do cotidiano. Sob o olhar dos palhaços, porém, ganham um ar leve e engraçado que trazem à tona uma certa cumplicidade da platéia, onde o público se reconhece nas situações mostradas no palco.

Dramalhaço vem de dramaturgia do palhaço. Resultado da pesquisa realizada pelos artistas do programa Doutores da Alegria – Recife, o espetáculo traduz o olhar que esses palhaços têm sobre situações vividas por pessoas que moram nos grandes centros urbanos e o que nelas reside de inusitado e cômico. Por meio de pequenas cenas costuradas por músicas, executadas ao vivo por um DJ da cena eletrônica recifense, o elenco conta histórias de personagens da vida real que nem sempre são cômicas, mas que vistas pelos olhos do palhaço, ganham um ar leve e engraçado.

Embora não fosse a intenção inicial da pesquisa, os atores, em suas trajetórias individuais, foram naturalmente focando determinados temas como loucura, personagens populares e dialetos urbanos, neuroses e hipocondria, futilidade, falta de tempo e existencialismo.
Uma história que poderia servir de exemplo é contada pela atriz Enne Marx, que conheceu uma “louca de rua” chamada Teresinha, que sempre bem Vestida, anda pelas ruas do Centro do Recife. Muitas conversas foram gravadas e serviram de base para a personagem transportada ao espetáculo. Terezinha se intitula a “dona do Brasil” e deste mote derivam suas histórias.

Enne marx como Terezinha
DRAMALHAÇO

Dramalhaço é um espetáculo que fala de “gente”.
Gente que vive na cidade grande, como eu, como você. Gente que tem pressa,
que não tem tempo,
que ama e é amado,
que é amado e não ama,
que se interessa e não interessa a ninguém,
que discute, brinca, sonha, têm conflitos,
que acerta, erra, aprende,
que erra, acerta e nunca aprende,
que enlouquece,
que mora em altos edifícios, que mora na rua.
Gente pobre, gente rica,
gente que chora, gente que ri.
Gente que conjuga todos os verbos, que trabalha, estuda, corre, anda, encontra, desencontra, come, bebe, dorme e sobrevive.
Para o elenco deste espetáculo, ser chamado de palhaço, não é motivo de vergonha, fracasso, nem sequer é um xingamento!
Ser chamado de palhaço, mesmo quando fazemos uma barbeiragem no trânsito – é motivo de muito orgulho! Palhaço é a nossa profissão!
Profissão que mudou o nosso jeito de olhar o mundo, as coisas e as pessoas.
No corre-corre cotidiano da vida urbana, nas ruas, numa fila de cinema ou de um banco, em casa ou em qualquer lugar onde tenha gente, observamos pessoas agindo e se comportando como legítimos palhaços sem perceberem.
Eles não percebem...
Mas a gente sim!
Fernando Escrich – diretor

Em “Dramalhaço – o olhar do palhaço sobre a cidade”, fruto de uma continuada pesquisa de linguagem, a linguagem do PALHAÇO, nós, atores do Programa Doutores da Alegria Recife, trazemos ao grande público a oportunidade de assistir novamente ao trabalho do grupo. Diferente de Poemas Esparadrápicos - O Musical, Dramalhaço é um espetáculo adulto, mas que também trabalha o humor, sem necessariamente querer provocar o riso.
As situações são corriqueiras mesmo, do cotidiano das grandes metrópoles, que vemos todos os dias, mas são contadas nesse espetáculo, de forma inusitada e espirituosa, afinal, as histórias são contadas por palhaços... a maioria dos textos foram construídos pelos próprios atores, nos improvisos nos ensaios e também na pesquisa individual. Os textos, despretenciosos, não esperam provocar nenhuma "reflexão profunda na alma", mas simplesmente mostrarem-se no palco. Tocar em questões profundas como o suicídio ou a loucura, vendo o lado das situações que ninguém vê - o inusitado, o cômico, o absurdo. Dramalhaço surgiu do desejo do grupo de falar do hoje, eis o privilégio de poder falar o que a gente quer realmente dizer... o Teatro é e pode ser uma ferramenta pra se dizer as coisas que querem sair da boca. Cada ator trouxe para a cena as situações vividas por eles mesmos, procurando contar não só o que já é esperado, mas também o que de risível se pode encontrar nessas situações. Trouxemos também à cena personagens desse mundo cotidiano, que não raro, esbarramos todos os dias nas ruas.

Enne Marx
Atriz e palhaça



Doutores da Alegria
Em setembro de 2006, os Doutores da Alegria completaram quinze anos de atividades. Pioneira no país, a iniciativa do grupo em levar o trabalho de artistas profissionais e especializados na arte do palhaço aos hospitais não tem fins lucrativos. A implantação do projeto de introduzir o teatro em um quarto de hospital, no Brasil, foi feita pelo ator Wellington Nogueira, inspirado no programa “Clown Care Unit” de Nova Iorque, lançado em 1986 pelo ator Michael Christensen.
Desde 1991, quando a organização foi fundada, os Doutores já visitaram mais de 460 mil crianças e adolescentes hospitalizados, atingindo também cerca de 500 mil familiares e envolvendo mais de 10 mil profissionais de saúde. Essa idéia, então inédita, foi inserida na sociedade brasileira e sua prática vigora hoje, diariamente, em catorze hospitais, sendo apresentada por um elenco de 47 artistas.
Sete dos hospitais atendidos pelos Doutores da Alegria ficam em São Paulo, na capital; três no Rio de Janeiro (RJ) e quatro no Recife (PE). Em 2007, os Doutores ampliam sua atuação com a abertura da sua mais nova sede em Belo Horizonte.



DRAMALHAÇO - O olhar do palhaço sobre a cidade
Doutores da Alegria - Recife

SERVIÇO:
Local: Teatro Armazém 14
Avenida Alfredo Lisboa, armazém 14 Recife Antigo - Recife
Telefone: (81) 3424.5613
Estréia: dia 28 de abril e fica em cartaz até 01 de julho. Sábados (21h) e Domingos (20h)


FICHA TÉCNICA:

Elenco: Enne Marx, Luciana Pontual, Luciano Pontes, Marcelino Dias, Nicole Pastana e Ronaldo Aguiar

Concepção, Encenação, Direção e Criação musical: Fernando Escrich

Assistente de direção: Kleber Lourenço

Textos: Enne Marx, Fernando Escrich, Luciana Pontual, Luciano Pontes, Marcelino Dias, Nicole Pastana, Ronaldo Aguiar, Claudia Schapira, Lu Grimaldi e Beatriz Sayad. Alguns textos foram inspirados livremente na obra de Luis Fernando Veríssimo e Hugo Zorzetti.

Cenário: Luciano Pontes

Figurinos e adereços: Fernando Escrich e Luciano Pontes

Iluminação e técnica de luz: Luciana Raposo

DJ convidado: Hiran Hervée

Revisão dramatúrgica: Carlos Eduardo Bione e Renata Pimentel

Idealização e realização: Doutores da Alegria - Recife

Mais informações à imprensa:
EDITOR–EDISON PAES DE MELO Com Adriana Peres e Sylvio Novelli
http://www.editorweb.com.br/
11 3824-4200
aperes@editorweb.com.br
snovelli@editorweb.com.br
e
Ana Nogueira – Assessoria Recife
81-87871476

sábado, 21 de abril de 2007

O CÍRCULO DE GIZ CAUCASIANO




COMPANHIA DO LATÃO EM RECIFE



Quem foi conferir nesta sexta-feira dia 20 de abril, mesmo debaixo de um dilúvio a montagem O CÍRCULO DE GIZ CAUCASIANO, tradução de Manuel Bandeira e montagem dirigida por Sérgio de Carvalho que valoriza a força poética do texto original de Bertolt Brecht, pode conferir um dos grandes exemplos da nova safra do teatro nacional no momento. A companhia que completa 10 anos mostra o porque do respeito e da credibilidade adquirida durante todos esses anos. Com elenco afinado e direção primorosa o texto de Brecht, montado em homenagem aos 50 anos de ausência do escritor(Ago/1956), ganha uma montagem que chega até aqueles que a assistem de maneira contudente e poética.


Segue abaixo uma crítica por Beth Néspoli.

Recado político de Brecht, levado em espetáculo tocante
Cia. do Latão demonstra raro domínio da linguagem épica em montagem brilhante de O Círculo de Giz Caucasiano



Na montagem de O Círculo de Giz Caucasiano o primeiro e forte impacto positivo vem com a pertinente recriação do prólogo, que vai além da mera atualização temporal ou temática. Embora tome apenas sete das mais de cem páginas dessa peça de Bertolt Brecht, é recurso dramatúrgico de fundamental importância porque dá sentido e justifica o espetáculo que será apresentado e, mais amplamente, a própria arte. Tal função não escapou ao diretor Sérgio de Carvalho, pelo contrário, sua versão atualiza o essencial - a conexão entre vida e arte.


No original, o prólogo flagra um litígio por um pedaço de terra entre camponeses da antiga União Soviética. A decisão final - toma posse do vale não quem o possuía por direito legal, mas quem projetou irrigá-lo e fertilizá-lo - será comemorada com a representação de uma peça que, obviamente, tem como objetivo reforçar, ludicamente, a validade do conceito de justiça aplicado na decisão - o bem é de quem o merece - e, sobretudo, mostrar a impossibilidade de que tal justiça seja aplicada numa sociedade baseada no poder econômico e na propriedade privada, a não ser como exceção.


Ao escolher um assentamento do MST, em Sarapuí, SP, para ambientar o prólogo, o diretor não o faz para 'atualizar' o litígio, transformando camponeses soviéticos em 'assentados', o que truncaria sentidos, mas sim une atores e assentados em torno de uma discussão sobre o texto. A edição desse encontro, projetada no teatro, é bastante eloqüente seja pelas imagens, como o contraste entre a aridez do pasto cheio de tocos de árvores e a parte já irrigada do assentamento - que parece nos dizer que ali foi aplicado o conceito de justiça em questão - seja pelas palavras, uma vez que os próprios assentados se dão conta da diferença entre a realidade retratada no texto e a 'exceção' na conquista deles.




A revitalização do prólogo refunda o sentido da representação que se segue - uma lenda de origem chinesa sobre a disputa de um menino entre sua mãe de sangue e sua mãe de criação. Não por acaso, Brecht deixa bem claro que será um prestigiado e experiente cantor e poeta o responsável pela encenação. Recado do autor? Se os objetivos políticos-pedagógicos de Brecht são inequívocos - mascará-los é tudo que jamais quis, pelo contrário - ele também sabia que só seriam alcançados com bom teatro. E é exatamente isso o que nos oferece a Cia. do Latão.

Antes de mais nada, o longo exercício da linguagem épica reflete-se positivamente no palco, na leveza com que se faz em cena o trânsito entre drama e a narrativa. É admirável o domínio alcançado pelos atores do Latão nessa estética, especialmente Helena Albergaria e Ney Piacentini, que ora vivem plenamente os sentimentos e contradições dos personagens - trazendo à tona uma incrível gama deles - ora são atores/narradores, num trânsito que flui de tal forma que o espectador é conduzido ao mesmo movimento, da emoção ao distanciamento crítico, prazerosamente.

Sérgio de Carvalho optou por abrir mão das rígidas máscaras sugeridas no texto. Como tem um elenco de onze atores muito afiados - Rogério Bandeira, Luís Mármora, Rodrigo Bolzan estão entre os que vieram de outras companhias e se integraram perfeitamente à linguagem do Latão - os personagens ganharam em humanidade sem prejuízo de idéias que se pretende demonstrar.


A montagem consegue ser tão cristalina quanto o texto ao demonstrar o funcionamento do jogo das forças políticas e a ação desse jogo sobre os indivíduos. Entre as qualidades dessa montagem destaca-se a música, executada ao vivo, elemento fundamental na condução da trama. A direção musical de Martin Eikmeier é nada menos do que brilhante e o resultado é tão harmônico que, paradoxalmente, a música não desvia a nossa atenção para ela. Grande texto em encenação feliz da Cia. do Latão, O Círculo de Giz Caucasiano é espetáculo que toca, a um só tempo, corações e mentes, deleite intelectual e emocional. Como queria o autor.
Beth Néspoli
"Um dos Grandes momentos nos palcos pernambucanos esse ano"

sexta-feira, 13 de abril de 2007

Antônio Cadengue dirige Gustavo Haddad como michê de luxo e nu em espetáculo de João Silvério Trevisan



Por Gustavo Ranieri















Uma Quinta-feira Santa regada ao desdobramento da dor através de uma sessão sadomasoquista. É essa a temática do espetáculo teatral Hoje É Dia do Amor, que estréia nessa sexta-feira, dia 6 de abril, em São Paulo.Escrita por João Silvério Trevisan e dirigida por Antonio Cadengue, a peça, que faz parte do projeto E se fez a Praça Roosevelt em sete dias, é um monólogo com intensa interpretação de Gustavo Haddad, que vive um michê de luxo. O personagem diz que, na Quinta-feira Santa, Cristo instituiu o "dia do amor", e para viver essa experiência ele fica acorrentado nu a uma cruz, enquanto evoca trechos bíblicos e tenta desconstruir o sentido da dor.Em entrevista ao G Online, Trevisan contou que pretende causar com essa peça um sentimento de estranhamento. “Um sentimento de estranhamento porque não há como propor esse diálogo com a peça estabelecendo todo o contexto, toda a cena e o que acontece ao redor dela. É uma peça de impacto, um estranhamento através do qual eu estou devolvendo aos espectadores o que eles poderiam me perguntar. Eu suscito uma pergunta e a devolvo no final. Assim, a peça começa com um espelho e termina com um espelho enorme, para que os espectadores se contemplem, no sentido de se confrontarem com as suas próprias dores”, explica.Segundo Trevisan, que é colunista da G Magazine, o espetáculo não é inspirado em um fato real, mas é uma homenagem ao jornalista João Xavier (o jovem que foi discriminado, junto com o namorado, no Shopping Frei Caneca, em 2003, em São Paulo, fato que gerou o histórico beijaço público nas dependências do shopping no mesmo ano).“Eu tinha uma enorme admiração pelo João e não consegui digerir essa saída de cena dele (João Xavier se suicidou recentemente). A coisa então ficou machucando tanto que a peça saiu como uma reação ao suicídio do João”, revela o escritor.Esse suicídio está intrínseco no espetáculo, de acordo com Trevisan. “Meu personagem celebra o dia do amor, mas por conta da notícia de um amigo que se matou. É pra isso que eu utilizo a cena de sadomasoquismo que sempre acontece à beira do abismo, que é uma cena de grande radicalidade e por isso é uma experiência de valor de revelação.Além de ser encenado, o texto de Hoje É Dia do Amor fará parte do livro E se fez a Praça Roosevelt em sete dias, que contará com o texto de sete dramaturgos.



Serviço:Hoje É Dia do Amor

Teatro Satyros 1- Praça Franklyn Roosevelt, 124.

Tel: (11) 3258-6345



ENTREVISTA


Gustavo Haddad
Um michê sadomasoquista no lugar de Cristo















O ator que está monólogo Hoje é Dia do Amor, em cartaz em São Paulo, fala sobre a experiência de interpretar um michê de luxo, adepto ao sadomasoquismo e que permanece nu e amarrado todo o tempo em cena.

Aos 30 anos de idade o ator Gustavo Haddad já trilhou um longo caminho no teatro e televisão. Com toda a versatilidade de um talentoso ator, Gustavo ficou conhecido do grande público principalmente por sua participação em novelas como Canavial de Paixões, Como Uma Onda e em Cidadão Brasileiro, onde ele interpretou um enfermeiro homossexual.

Agora, na peça Hoje é Dia do Amor, de João Silvério Trevisan e direção de Antonio Cadengue, Gustavo enfrenta um duplo desafio: fazer seu primeiro monólogo e ainda por cima no papel de um michê de luxo adepto ao sadomasoquismo que numa Quinta-feira Santa tenta alcançar o limite da dor. “A peça tem toda uma simbologia cristã que vai chocar, um michê sadomasoquista no lugar de Cristo”, resume o ator.

Nessa entrevista Gustavo Haddad fala sobre os desafios do papel, onde ele fica nu e amarrado durante todo o espetáculo.

Segundo o João Silvério Trevisan, cinco atores pelo menos teriam se recusado a fazer esse espetáculo. O que te motivou a aceitar o convite?

O personagem e a possibilidade de atuação que ele proporciona. Eu não tenho pudor em relação ao personagem, os atores às vezes impõem limites pra carreira porque tem pudores. Pra mim o personagem não tem isso, o meu corpo na verdade é um mero instrumento para aquele personagem. Eu não preciso julgar aquele personagem para poder fazê-lo, não preciso concordar com as atitudes dele. Eu simplesmente empresto o meu corpo para ele durante um determinado tempo.

Quais as maiores dificuldades encontradas para fazer essa peça?

Decorar o texto. Foi muito difícil fazer um monólogo porque é o meu primeiro e você não tem um contraponto. Aquele texto tem que estar inteiro na sua cabeça do começo ao fim, pois eu estou o tempo todo parado, algemado e amarrado. Não tem nenhuma movimentação que me leve a lembrar do texto. A peça tem 1h10 de duração e são 32 paginas de texto corrido que eu tive de decorar.

E quanto tempo você demorou para ensaiar?

Ensaiei durante 20 dias, foi o tempo que tive para me preparar psicologicamente, emocionalmente e tecnicamente para fazer esse personagem, que é uma coisa diferente que eu nunca fiz na minha vida.

Como é ficar nu a peça inteira? Houve algum constrangimento?

Não, eu me preocupei muito no início com relação a estética, o que seria esse nu, se seria gratuito. Lendo a peça em primeiro momento eu pensei: ‘caralho, isso vai ficar exposto, vai ser um problema, como estarei ali pelado com um negócio preso no pênis?’. Mas depois foi chegando o cenário, a iluminação e agora é engraçado que me sinto coberto em cena e não exposto. Eu estou dentro de uma caixa que parece um oratório com sombras e um quadro do Paulo Sayeg atrás, como uma obra de arte. É na verdade uma obra de arte, um quadro, só que sadomasoquista.

Em Hoje é Dia do Amor você tentar fazer um desdobramento da dor. O que você espera que o público entenda desse espetáculo?

Eu acho que hoje em dia a dor e o sofrimento humano estão banalizados, as pessoas não se importam com mais nada. Alguém arrasta um menino por sete kilômetros, sai no jornal e todo mundo já esqueceu. As pessoas não ligam mais para a dor alheia. O meu personagem passa o tempo todo tentando controlar a dor, ele tem o controle total emocional e racional da dor. Eu acho que as pessoas ao darem de cara com uma pessoa dessa tão fria e calculista vão tentar rever os conceitos, o que é a dor e o que realmente faz sofrer.Mas você acredita que o público ficará chocado? Eu acho que o público vai ficar chocado a partir do momento que entrar no teatro, pois é uma cena chocante. Eu estou amarrado a uma cruz como Jesus Cristo e essa metáfora existe porque o meu personagem quer saber como foi o sofrimento de Cristo. Na história, o grande amor da vida dele se matou numa Quinta-feira Santa, que é o dia da Santa Ceia, quando Jesus disse: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. É por isso que a peça tem toda uma simbologia cristã que vai chocar, um michê sadomasoquista no lugar de Cristo.

Essa não é a primeira vez que você interpreta um homossexual, né?

Não, fiz um personagem homossexual na novela Cidadão Brasileiro, mas já tinha feito também em uma peça chamada Pobre Super Homem.

Alguma vez você ficou receoso de interpretar um homossexual?

Nunca fiquei, eu tenho minha sexualidade muito bem resolvida desde adolescente. Eu nunca tive problema com relação a isso e nem com relação a minha vontade e meus desejos. Eu sou uma pessoa que não racionalizo os meus desejos, eu sinto, pronto e acabou. Para mim eles são personagens, pessoas que eu acho interessante e não pela orientação sexual, mas pela forma como esses personagens encaram a vida. São personagens ricos, independente da orientação sexual.

Qual a sua visão sobre o universo gls?

Eu encaro na boa, acho que cada um deve ser feliz com o que sente, com os desejos que tem. Se cada um realizasse os seus desejos seria tão melhor, as pessoas iam se amar mais e aceitar a diferença melhor do que é aceita hoje em dia.

O que mais te agrada em Hoje é Dia do Amor?

É exatamente essa coisa da dor, essa tentativa de explicar a dor. É o mote da peça, essa função da dor na humanidade. Por que as pessoas sentem dor? Por que as pessoas querem fugir da dor o tempo inteiro e não enfrentam as coisas? Eu acho que a dor faz parte do crescimento, a gente precisa sofrer sim, a gente precisa tirar o melhor proveito dela.

Você freqüentou clubes de sadomasoquismo para estudar o personagem?

Não, não cheguei porque na minha relação pessoal eu não gosto de sentir dor e eu achei que não seria necessário para o personagem. Poderia me causar alguma coisa que eu levaria como memória emotiva e que não seria legal para o personagem porque ele curte muito o sadomasoquismo.

O João Silvério Trevisan acredita que o sadomasoquismo sempre acontece à beira do abismo. Você concorda?

Eu acho que sim, é o limite. O sadomasoquista procura esse limite da morte e quanto mais perto da morte ele estiver mais prazer ele sente.

Quando foi que a arte entrou em sua vida?

Aos 13 anos de idade eu fazia datilografia em Bauru e minha professora era uma senhora de 86 anos que tinha essa escola de datilografia e uma vasta biblioteca de teatro. Era uma estudiosa de teatro, chamava-se Celina Alves. Ela me dava os livros de teatro para treinar datilografia e aquilo me fascinou, aquelas histórias. O primeiro texto que eu datilografei foi uma peça de Anton Tchecov e aquilo me levou para um universo louco. Depois ela quis montar um espetáculo comigo. Um produtor de Campinas foi assistir o espetáculo e me convidou para fazer parte do elenco de uma peça mambembe. Comecei a fazer teatro assim. Já fiquei dentro de trem carregando cenário, dormi em escola, em estação de trem. Já passei alguns perrengues no início da carreira viajando com teatro.

E sobre posar nu? Rolaria agora?

Não, acho que não. É diferente, é outra coisa, ali é o personagem, não sou eu. Não sei se eu teria essa coragem.