Conto de fadas pernambucano em temporada no Teatro Marco Camarotti
Espetáculo De Íris ao arco-íris, direção de Jorge de Paula, está em cartaz aos sábados e domingos, às 16h30
(foto Angélica Gouveia)
(foto Angélica Gouveia)
“Por que o arco-íris aparece quando chove?”. A pergunta do professor, ator e encenador pernambucano Marco Camarotti (1947-2004) serviu como mote para que o ator e diretor Jorge de Paula escrevesse o conto de fadas De Íris ao arco-íris, texto que serviu de base para o espetáculo homônimo, que está em cartaz no Teatro Marco Camarotti (Sesc Santo Amaro/Recife), aos sábados e domingos, às 16h30, até 30 de agosto.
O texto foi escrito em 2000, mas ficou guardado na gaveta, fervilhando na cabeça, até 2006, quando Jorge de Paula convidou a atriz Andréa Veruska para escrever um projeto de montagem de espetáculo a partir da história. Como não conseguiu aprovação em nenhum fundo que possibilitasse a empreitada, o sonho de transformar o conto em encenação foi adiado até este ano, quando finalmente o projeto recebeu o fomento dos editais do Funcultura e do Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz 2012. Os ensaios começaram no mês de fevereiro e peça estreou no festival Palco Giratório, no último mês de maio.
A montagem conta a história da lagarta Íris, muito curiosa, que faz de tudo para chegar ao reino encantado. Certo dia, ao se transformar em uma borboleta de cores exuberantes, Íris aparece de surpresa na festa de aniversário do rei do “Jardim Sereno de Manhãzinha, Muito Calor à Tardinha” e, por não se submeter aos caprichos desse truculento soberano, uma aranha, é expulsa do jardim. Por seu caminho, Íris ainda terá muitos obstáculos, mas não desistirá.
É uma história de perseverança e que coloca em discussão um tema que geralmente fica de fora das produções para infância e juventude: a morte. “Marco Camarotti, que se debruçava sobre o teatro para infância, dizia que não há problema nenhum em tratar da morte ou de qualquer outro tema com as crianças. A morte faz parte da vida. Temos que encontrar a melhor maneira de fazer isso”, explica o ator e diretor da montagem Jorge de Paula.
No caso do grupo, a opção foi o teatro de sombras, bonecos e formas animadas. Através de um retroprojetor, um telão e da habilidade dos atores, pequenas figuras ganham outras dimensões e ludicidade. “Trabalhamos com o bidimensional e o tridimensional. Quando Íris deixa de ser lagarta e vira borboleta, é como se ela não coubesse mais no mundo da bidimensionalidade. É uma técnica de um apelo visual muito grande. Ao mesmo tempo, estamos experimentando uma linguagem com a qual nunca havíamos trabalhado profissionalmente”, avalia o diretor. Os desenhos e silhuetas dos personagens, que guardam uma proximidade com as histórias em quadrinhos, foram idealizados pelo artista gráfico pernambucano Luciano Félix e colocados em prática pelo ator, diretor e cenógrafo Henrique Celibi.
O espetáculo, pensado para contemplar também as crianças surdas, é como se fosse cinema de animação: não há falas e o roteiro não necessariamente segue uma lógica linear. “O elenco todo passou pela Universidade Federal e estudou com Camarotti. Fomos influenciados por ele, que desenvolvia pesquisas para montar espetáculos que contemplassem necessidades específicas de crianças cegas, surdas, com deficiência cognitiva e crianças hospitalizadas”, pontua a atriz Andréa Veruska. A trilha sonora, por exemplo, composta pelo músico Júlio Morais, não tem como objetivo contar a história. “Estamos o tempo inteiro nos questionando para fazer uma obra que atenda às especificidades da criança surda. E isso é difícil, porque geralmente o nosso teatro para infância é bastante pautado na palavra”, avalia a atriz Iara Campos.
No elenco da peça estão, além de Jorge de Paula, que também assina a direção, as atrizes Lucélia Albuquerque, Iara Campos e Andrea Veruska. Os cenários e os figurinos são de Marcondes Lima e a iluminação de Eron Villar. A produção está sob a responsabilidade de Karla Martins. A montagem é uma realização da Decanter Articulações Culturais e da Jorge de Paula Produção Cultural.
Sessões gratuitas – Durante a temporada do espetáculo, às sextas-feiras, às 15h, serão realizadas sessões gratuitas em parceria com o Sesc, sempre com a presença de intérpretes de libras: 02/08 (Alunos do Sesc), 09/08 (Movimento Pró-Criança – Unidade Coelhos), 16/ 08 (Instituto Costa Porto / Recife), 23/08 (Escola Municipal Monsenhor Fabrício / Olinda), 30/08 (Centro Suvag de Pernambuco – sessão para crianças e adolescentes surdos).
Ficha técnica:
Texto: criação coletiva a partir da obra De Íris ao arco-íris, de Jorge de Paula
Idealização do projeto: Andréa Veruska e Jorge de Paula
Encenação: Jorge de Paula
Elenco: Andréa Veruska, Iara Campos, Jorge de Paula e Lucélia Albuquerque
Criação de silhuetas e design gráfico: Luciano Félix
Cenografia e figurino: Marcondes Lima
Trilha sonora original: Júlio Morais
Design de luz: Eron Villar
Confecção de bonecos e adereços: Henrique Celibi
Confecção de figurino: Maria Lima e Elzamélia Gomes
Cenotécnica: Gustavo Teixeira
Contrarregragem: Kátia Virgínia
Registro fotográfico: Angélica Gouveia / Leandro Lima
Assistência de produção: Luciana Barbosa
Produção executiva: Andréa Veruska
Produção geral e administração: Karla Martins
Realização: Decanter Articulações Culturais / Jorge de Paula Produção Cultural
Serviço:
De Íris ao arco-íris
Quando: sábados e domingos, às 16h30, de 27 de julho até 30 de agosto
Onde: Teatro Marco Camarotti (Sesc Santo Amaro)
Quanto: R$ 20 e R$ 10 (meia-entrada). A bilheteria abre sempre às 14h, no dia de cada sessão. É possível comprar ingressos com antecedência para toda a temporada.
Informações: (81) 9721-9764 / (81) 3216-1728
Indicação: 6 anos
Capacidade do teatro: 90 lugares
Duração: 50 minutos
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