segunda-feira, 17 de maio de 2010

Classe Teatral pernambucana faz ATO de protesto por RESPEITO e DIGNIDADE em frente ao Teatro de Santa isabel.

Quem dá o SANGUE somos nós



Bobby Fabisak / JC Imagem





Na comemoração dos 160 anos do Teatro de santa Isabel, a classe teatral pernambucana organizou um ATO de protesto contra as políticas públicas adotadas pela atual gestão municipal da Cidade do Recife.Os artistas pedem para serem olhados com respeito e que a cena precisa fomentada com dignidade. Os artistas se manifestaram pacificamente em frente ao Teatro na abertura das festividades. Todos os detalhes estão estampados nos principais jornais da cidade.

Jornal do Comércio: http://jc.uol.com.br/canal/lazer-e-turismo/noticia/2010/05/17/classe-artistica-realiza-protesto-em-frente-ao-santa-isabel-222190.php

Os artistas deram um abraço simbólico no teatro e criticaram a programação de aniversário de 160 anos do Santa Isabel, que não incluiu as artes cênicas pernambucanas. Os artistas também reclamaram da verba de fomento destinada à classe, que é de R$ 20 mil por ano. E apenas cinco grupos recebem.
http://www.youtube.com/watch?v=8KxB4HV7Zy0&feature=player_embedded



Sob o coro de “Respeito, respeito, respeito”, artistas exibiram faixas, vestiram nariz de palhaço, soltaram fogos de artíficio, apresentaram performances e ainda deram a mãos num grande círculo para simbolizar um abraço ao teatro.


Diário de Pernambuco: http://www.pernambuco.com/ultimas/nota.asp?materia=20100517115540&assunto=76&onde=Viver

Matéria do Diário de Pernambuco 16/05/2010
Estopim de uma crise

No aniversário de 160 anos, Santa Isabel vai receber abraço de protesto de atores, diretores, grupos e coletivos, insatisfeitos com a política cultural da prefeitura para as artes cênicas
Pollyanna Diniz
pollyannadiniz.pe@dabr.com.br


Na véspera do aniversário de 160 anos do mais nobre palco de Pernambuco, um dos 14 teatros-monumento do país, o Teatro de Santa Isabel, atores, diretores, grupos e coletivos vão realizar um ato simbólico. Um abraço ao prédio de arquitetura neoclássica que já passou por três grandes reformas e recebeu grandes nomes do teatro pernambucano e nacional. O ato fraternal, no entanto, não é uma comemoração, mas um protesto. Na programação especial de comemoração ao aniversário da casa, divulgada semana passada pela Prefeitura do Recife durante uma coletiva de imprensa, os artistas pernambucanos ligados às artes cênicas não foram contemplados.


Programação festiva do teatro de arquitetura neoclássica deixou de fora as produções pernambucanas; artistas reclamam do tratamento da PCR .

O palco principal do teatro será ocupado por nomes como Bibi Ferreira, acompanhada pela Orquestra Sinfônica do Recife, Rosamaria Murtinho e Natália Timberg e Marisa Orth. Amanhã, na mesma hora do abraço ao patrimônio, às 20h, estará sendo lançado um carimbo e um selo comemorativos. Depois, os convidados vão assistir a uma apresentação do grupo Sa Grama. Mesmo que não questionem o valor artístico de nenhum dos convidados, os artistas não se sentiram representados na efeméride.

Como não estarão no palco principal, os atores vão usar a rua - prometem performances, apresentações, figurino especial. A omissão dos pernambucanos na programação especial é, no entanto, apenas o estopim de uma crise - de uma insatisfação com a política cultural voltada para as artes cênicas. Logo que souberam da semana de comemoração através da matéria publicada no Diario, os artistas começaram a se manifestar através de e-mails. Vários deles, de artistas de diversas gerações, conceitos e trabalhos estéticos diferentes.

O primeiro deles foi do diretor Samuel Santos, do grupo Quadro de Cena, responsável por montagens infantis premiadas como A terra dos meninos pelados e Historinhas de dentro, e adultas, como a mais recente, Cordel do amor sem fim. "E a história do nosso teatro fica onde? Dos artistas que dignificaram e dignificam essa arte tão mal pensada por alguns órgãos culturais e por pessoas que perderam o senso de responsabilidade pelo teatro feito em Pernambuco."

Em pouco tempo, vários outros também se manifestavam: "Hoje cedo, aqui em Natal/RN, abro a net e vejo a matéria sobre o aniversário do Teatro de Santa Isabel e percebi que na programação não tem nenhum espetáculo do Recife. Nenhum tipo de espetáculo, de nenhuma linha, escola ou estilo. O que é isso? É o velho pensamento provinciano de sempre!", escreveu Fred Nascimento, do grupo Totem.

Carla Denise, do Mão Molenga Teatro de Bonecos, que vai participar do festival Palco Giratório com a montagem O fio mágico, disse que o problema é a forma como a cultura é enxergada; e isso não seria privilégio pernambucano. "É samba por lá ou frevo por aqui, no aeroporto! É o pensamento obsoleto que arte é coisa exótica, turística e fácil! (#) Mas, mesmo assim, acho que devemos continuar a produzir, a criar e a fazer o nosso trabalho; e a avaliar melhor o valor do nosso voto e da nossa participação colaborativa, comomuitos artistas já estão fazendo. Sendo caranguejos que abrem as cortinas aos outros. Diferente dos caranguejos daquela piada que circula há tempos, que derrubam uns aos outros", escreveu. Diante destas e tantas outras manifestações, os artistas decidiram organizar o abraço simbólico, mas nem todos veem o ato com fraternidade.

Cachês geram // Artistas reclamam que valor que a prefeitura vai pagar pelas apresentações do espetáculo Bibi IV é maior que prêmio de fomento

As manifestações da classe artística diante da programação de aniversário do Santa Isabel só aumentaram quando um dos e-mails revelou (o que, na realidade, estava publicado abertamente no Diário Oficial do dia 8 de maio) qual é o valor que a Prefeitura do Recife irá desembolsar para que as duas apresentações do espetáculo Bibi IV, com Bibi Ferreira, sejam realizadas: R$ 126.328,43.

"O valor pago a esssas duas apresentações é mais do que a prefeitura disponibiliza anualmente para cinco propostas no prêmio de fomento às artes cênicas, que é de R$ 100 mil, 20 mil para cada projeto aprovado", dizia o e-mail assinado por 'fika a dica'. A mensagem lembrava ainda que foi a hoje diretora do Santa Isabel, Simone Figueiredo, à época presidente interina da Fundação de Cultura da Cidade do Recife, que assinou o polêmico cachê do show de Sandy e Júnior, no ano de 2004.

Diante da profusão de mensagens que aderiam ao ato público, grande parte delas copiadas para um suposto e-mail do secretário de Cultura do Recife Renato L, a prefeitura decidiu se pronunciar. Enviou, também por e-mail, uma carta-resposta. Num dos tópicos, o texto diz que "o prefeito João da Costa em momento algum desmereceu o valor da produção pernambucana. A matéria do Diario de Pernambuco descontextualizou a fala do prefeito do Recife, provocando no leitor a falsa ideia de que a Prefeitura do Recife não abre espaço para a produção local".

Mais adiante, a carta assinada pela assessoria de imprensa da Prefeitura do Recife diz que "somente no decorrer do ano de 2010, 18 espetáculos locais foram apresentados no Teatro de Santa Isabel. De 2008, até esta data, foram 137 montagens locais. É preciso deixar claro ainda que a maioria dos espetáculos locais montados no Teatro de Santa Isabel tem ISENÇÃO TOTAL OU PARCIAL (grafado em letras maiúsculas pela própria assessoria)". No texto há também uma suposta resposta ao questionamento ao critério da inexigibilidade aplicado na contratação do espetáculo de Bibi Ferreira. "A Prefeitura do Recife esclarece que a forma de contratação de espetáculos artísticos prevista na legislação vigente é a direta, através de inexigibilidade de licitação com base no art.25, caput, da lei 8666/93, razão pela qual a vinda do espetáculo mostra-se completamente consonante com a legislação atual". O que o e-mail do anônimo, assinado "fika a dica", questionava era, no entanto, o valor pago pela Prefeitura - assunto sobre o qual a carta não se pronunciou.

E-mail da Prefeitura exalta ânimos

O e-mail da assessoria de imprensa da PCR, ao invés de acalmar os ânimos, fez o contrário. Com relação às declarações do prefeito, que segundo a prefeitura foram descontextualizadas, Samuel Santos diz que "não são simples declarações. A questão é séria e essa infeliz programação comemorativa dos 160 anos do Santa Isabel é só um sintoma da velha moléstia herdade de velhas relações coloniais consolidadas".

O diretor continua questionando: "O Teatro de Santa Isabel é, antes de tudo, pernambucano. Onde estão os artistas pernambucanos nessa comemoração? Porque não foram incluídos ou representados nessa celebração?". Mais adiante, Santos diz o que os artistas anseiam. "O manifesto que aqui se realiza não é pedir para compor uma programação de comemoração do Teatro de Santa Isabel. É por uma política pública para as artes cênicas! Uma política que não seja exclusiva, separatista, preconceituosa e ditatorial".

A publicação na última quinta-feira no Diário Oficial dos valores que serão pagos às outras atrações inflamou a polêmica. Enquanto Sa Grama vai receber R$ 10 mil, o espetáculo O sopro da vida (Natália Timberg e Rosamaria Murtinho) levará R$ 41.528 e O inferno sou eu, com Marisa Orth, receberá R$ 73.100. "Esses artistas vão passar e nós vamos ficar aqui, fomentando, fazendo um trabalho de arte educação nas escolas, nos presídios, nas ONGs, nos circos. Eles passam, mas nós vamos ficar aqui tentando construir uma plateia, um teatro de qualidade, através de grupos, coletivos, colaborativos, produtores", afirma Samuel.

O grupo Magiluth também se posicionou. "Entendemos que a situação em relação à programação de comemoração do Santa Isabel é apenas o estopim de práticas governamentais. Um governo que não consegue entender uma real formatação de políticas públicas para a cultura (#) A questão que se coloca não é a qualidade artística do ícone Bibi Ferreira. O que devemos pensar é quantas produções com o dinheiro repassado para esta senhora poderíamos fomentar para a cidade. Quantos equipamentos poderiam abastecer nossos sucateados teatros", assina o Magiluth, que também vai participar do festival Palco Giratório.

"Perguntas permanecem sem resposta e não são questões de hoje. Mas são perguntas essenciais e que precisam de atenção: o que o poder público pretende fazer diante dessa realidade da qual essa questão do aniversário do Santa Isabel é apenas um detalhe? Onde estão os canais de diálogo e de realização efetivos que permitam ao teatro local almejar o mesmo apoio que países chamado do primeiro mundo oferecem aos seus artistas cênicos? Parecer primeiro mundo é uma coisa. Ser primeiro mundo vai exigir bem mais de todos nós", complementou o dramaturgo Luiz Felipe Botelho.

Evoé

3 comentários:

Luciana Pontual disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Luciana Pontual disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Luciana Pontual disse...

É realmente lamentável tudo isso. O coração sangra de tanta vergonha dessas pessoas que estão no "poder". A classe continuará unida lutando por justiça. JUSTIÇA!!!!